terça-feira, 18 de maio de 2010

MULHERES DA CUFA RUMO AO CENTENÁRIO DO DIA INTERNACIONAL DA MULHER







“A história é nossa e nós temos que escrevê-la”
Mãe Stela de Oxossi


O Feminino no Universo da Capoeira



Observo que no versátil mundo da capoeira de hoje, vem crescendo, admiravelmente, o número de mulheres praticantes, e estas vêm cada vez mais buscando o seu papel e lugar neste meio. Mas este mundo tem crescido de uma forma desordenada em determinados aspectos, sem dar atenção ao que nós mulheres realmente precisamos. Qual é mesmo o papel da mulher na capoeira?
Nesta busca feminina, durante a história ficaram marcas de muitas dificuldades para nós, e como o universo da capoeira é um espelho dos problemas sociais, a mulher como em todos os meios, era mais uma vez excluída dos processos desta atividade. Ficando sempre nas margens das rodas, como meras observadoras. Podemos ver em vídeos antigos (cito o filme Bimba Capoeira Iluminada), mulheres somente compondo o coral da orquestra das rodas realizadas pelo Mestre Bimba. Segundo o Mestre Bola Sete no seu livro “A capoeira Angola no Brasil”, a partir dos anos 70 se iniciou uma movimentação feminina nas academias de capoeira, isto aconteceu regado de muito preconceito e descriminação da mulher.
Nas rodas de antigamente, para ter destaque, as mulheres se masculinizavam (com a famosa Maria Doze Homens), chegando até a “trocar pau” com homens o que (só assim) lhes dava mérito. Mas, a própria história da mulher negra do Brasil nos traz nomes como Dandara (a esposa de Zumbi do Quilombo de Palmares), que com sua feminilidade guerreira desafiou o a hegemonia masculina com suas atitudes e até mesmo nos combates, revolucionou e mostrou a capacidade da mulher de triunfar sem precisar se masculinizar. Muitas mulheres enquanto escravas aparecem como transgressoras, eram consideradas como uma ameaça ao colonizador branco, sendo algumas até exiladas para Angola. Tenho certeza que estas eram capoeiristas!!!
A capoeira por si já tem seu histórico de luta e sofrimento na busca da liberdade. A mulher entra ai por sua vez, e sofre repetidas vezes por ser: capoeira, pobre, mulher e, em sua maioria, negras. Podemos também aumentar esta lista, lembrando das condições de serem mães, muitas vezes solteiras, ou esposas, e donas de casa, estudantes e trabalhadoras etc. Substituindo por um só termo: GUERREIRAS!!! Apesar de tanta força, são muitas as motivações que enfraquecem a nossa permanência e promoção nessa batalha, então muitas a abandonam, diminuindo assim o número de mulheres que poderiam se profissionalizar nesta área.
São muitos os enfrentamentos, como o assédio sofrido por muitas, praticado por capoeiristas mais graduados ou não; a ridicularização por parte da sociedade de uma forma geral; a própria minimização dentro de cada grupo; relações interpessoais e as pessoais, que muitas vezes geram filhos e as forçam ao afastamento temporário ou permanente. Podemos citar também como preconceito, a velha história do sexo frágil. Pois muitos Mestres e Professores ainda têm a atitude de tratar a mulher de forma diferenciada na roda. Antes era o desrespeito não permitindo a que a mulher jogasse por muito tempo na roda, hoje a peculiaridade de formalizar: “Só joga mulher”!!! Não necessitamos disso. Isto sim é uma violência a nós e ao nosso valor enquanto participantes. A mulher tem a mesma capacidade que o homem de entrar numa roda e fazer um jogo bonito. A gente sabe fazer! Muitas fazem melhor... Quem reafirma meu discurso é o grande Mestre João Pequeno de Pastinha (Capoeira Angola-BA) que em suas palavras, afirmou: “As mulheres tinham um corpo humano, assim como o dos homens e sentem a mesma coisa que eles. Na capoeira considero as pessoas iguais.”
A mulher capoeira de hoje sabe descer ao pé do berimbau e fazer o ritual proceder, ela, por natureza tem mais tolerância, malícia, tem e deve ter o gingado doce, o sorriso no rosto que floresce o jogo e nos fazendo sorrir também ao vê-la na roda acontecer. È lindo de se ver! Mas se faz necessário que a própria mulher enxergue seu lugar na roda e se posicione conforme seu valor. Entender como acontecem diversas formas de rebaixamento feminino o que muitas vezes se passa culturalmente despercebido. Ampliar seus conhecimentos enquanto mulher capoeirista e fortalecer a sua formação política para ter uma visão ampla da condição de gênero na roda de capoeira.
Atualmente, já acontecem nacionalmente e internacionalmente ações de fortalecimento e empoderamento desta causa. Mulheres no mundo inteiro se unem, por se entenderem e se fortalecem umas nas outras e assim quebram estigmas. Somos igualmente capazes, precisamos enxergar e lutar por esta realização! Revolucionar a roda! Trazer nossos méritos, progressos e conquistas à tona pro mundo ver. Como diria a Mestra Janja (Capoeira Angola- BA) “Massa muscular não é pré-requisito para a prática da capoeira...a gente se acredita”.
Mulheres! Nós da CUFA compramos agora esta briga e fechamos assim uma forte parceria capoeira feminina. A CUFA promoverá em 2010 várias ações como encontros, palestras, eventos e projetos para nos apoiar e cada vez mais buscar a amortização destas diferenças, fazendo de nós mulheres, destaques neste universo lindo e complexo que é a capoeira! Este Universo só vai ter a ganhar. Então capoeiras fiquem atentas a nossa programação do ano 2010 que será o ANO DA MULHER NA CAPOEIRA!

Núcleo Maria Maria e CAPOCUFA

terça-feira, 4 de maio de 2010

Mente Ativa ... Cidadania Viva !!!





O PROCESSO ... A OFICINA !!!




Na primeira oficina acolhemos os adolescentes com um canto africano de saudação e celebração a encontros, por tradição cantado por crianças de tribos da Africa da Nação Bantú, em seguida apresentação pessoal dos facilitadores do processo e de suas respectivas instituições.



A dinamica ecologica " O Sol e os Elementos" nos apresenta conceitos e principios do funcionamento da natureza, como interdependencia, redes, touxe ao contexto a reflexão para a importancia de uma ação cooperativa e não competitiva em busca de um objetivo comum, e facilitou o dialogo a respeito do poder de ações equilibadas, positivas e proativas e as suas influencias na busca de equilibio e hamonia.

Com perguntas basicas como : O que é a vida para você ? Qual é a impotancia da familia ? O que vai fazer quando sair da UNEI ? Em que pretende trabalhar ?

Elaboradas pelo Sr Abelha da Gerencia de Igualdade Racial, foi possivel estabelecer um dialogo no sentido de indicar referencias em ações positivas, uma tentativa de ativar o despertar da reflexão, sobre o caminho perigoso e cheio de riscos futeis, que os mesmos trilharam, qual os conduziram ate aquela situaçaõ de perda da liberdade fisica em uma instituição.
O fim da ação foi celebrado com musicas da banda de RapCore Ment' Ativa e outras.


No segundo encontro do processo reforçamos as idéias transmitidas na construção de uma estrutura coletiva, com a dinamica ecologica integrativa, " O Sol e os Elementos", onde por meio de um carretel de barbante os participantes se ligam uns aos outros e a um centro, com palavras e ações positivas objetivando o equilibrio dinâmico de um objeto representativo, no caso da UNEI, onde o tema gerador da oficina tem de estar em alinhamento com as ações de responsabilidade da Gerencia de Igualdade Racial ... equilibramos o berimbal no intuito de estabelecer uma relação com o poder da palavra, e refletirmos tambem sobre a forma da estrututa, e o padrão que podemos encontrar em nosso cotiadano como : uma tenda protetora, uma teia, um guarda chuvas, uma óca, uma casa, todos que nos remetem a um tipo de proteção .

O professor de capoeira, Hollywood/Flavio, iniciou um dialogo onde contou um pouco de sua historia de 16 de capoeiragem, nos prestigiou com uma ladainha de capoeira, com a qual conquistou uma premiação em um campeonato, e se esforçou para transmitir em um reduzido tempo algumas bases e fundamentos da capoeira, atraves do dialogo, cantos e toques de berimbal.

A oficina foi encerrada com a dinamica ecologica: " Arvore Humana", que objetivou e oportunizou a reflexão sobre a cultura de paz e atitudes cooperativas e não competivos em busca de objetivos comuns, relacionou a estrutura, processos e relações da arvore com a complexidade e diveersidade da vida, enfatizando a importancia dos sistemas vivos simples, no caso a arvore, qual através da construção podemos experiementar, suas estruturas fisicas e os processos vitais e energeticos da arvore, e assim refletir sobre a sua importancia para a manutenção, sobrevivencia , equilibrio e harmonia dos sistemas vivos, e ecossistemas existentes em Gaia/Terra.

No terceiro encontro da oficina foi apresentado o filme: " Besouro " (Ailton Carmo) um dos maiores capoeiristas de todos os tempos. Um menino que ao se identificar com o inseto que ao voar desafia as leis da fisica - desafia ele mesmo as leis do preconceito e da opressão.

Passado no Recôncavo dos anos 20. Besouro é um filme de aventura, misticismo e coragem. Uma historia imortalizada por gerações... O filme gerou um dialogo onde podemos refletir sobre os caminhos e as formas de preconceitos e escravidão ainda existentes nos dias atuais, como as drogas, as favelas, a propagandas tendenciosas, as referencias negativas, os padroes de consumo e beleza, e outros.


No quarto e ultimo encontro da Oficina foi convidado o Arte-Educador Helker e os grafiteiros formados em sua oficina, o Educador Popular e Monitor de Oficinas de Grafite, compartilhou conosco um pouco de suas experiencias em projetos, e intervenções com a grafitagem por cidades do estado do MS; apresentou um video documentario com o tema: Grafitagem Arte ou Vandalismo produzido por universitarios que desenvolvem a arte das ruas. O jovem não perdeu tempo e desafio os meninos a colocar a mão na massa/tinta, assim alguns dos meninos ousaram alguns traços e juntos grafitaram um cartaz para a CUFA "Central Unica das Favelas" .
Para encerrar musicas com o jovem Henrique (H6) MC, e raper da banda Ment´Ativa.

Em um questionamento final onde foi perguntado adolescentes que participaram de todas as oficina: O que voces acharam das atividades que desenvolvemos ?
Em sua maioria todos gostaram e alguns reenvicaram mais atividades, pois o segundo os mesmo o tempo ocioso e grande o que os faz ocupar suas mentes com pensamentos que ja estão acostumados na rua e na criminalidade.
Um dos jovens concedeu uma entrevista na qual ele comenta: " É a realidade, a gente ve a força de união presente em uma pá de maluco, fazendo acontece pra gente que eles nem conhecem ... tipo assim a gente agradece mas num da valor ... ae la os cara falam assim: ae mano ces no crime é raça de esperto; não é ser esperto não, ser do crime é pro burro, esperto é o meu irmão que não é do crime"

Com o fim da oficina foi proposto pelo facilitador/coordenador das bases da CUFA, aos responsaveis por projetos e ações realizados na instituição, a continuidade do processo, atraves da apresentação de um projeto e a possibilidade de firmamento de parcerias para aquisição de equipamentos e recursos. Nada firmado e tudo em processo de conversAção.